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A leitura que o cinema faz da realidade

Foto de um soldado com uniforme camuflado em frente a um computador, para significar guerra híbrida, no post A leitura que o cinema faz da realidade, no site Educar em Casa.

Educar para a realidade permite ler os acontecimentos da vida com objetividade, e o cinema, muitas das vezes, torna-se um bom interlocutor.

Mas, para entender a linguagem do cinema é necessário ter um olhar aguçado para os cenários empregados na trama. Junto aos quais, analisar as características dos personagens centrais constituem a base interpretativa capaz de possibilitar um bom entendimento da obra.

Entender a leitura que o cinema faz da realidade é uma tentativa de ler e interpretar a própria realidade em si.

Em vista disso, notamos que, recentemente, diversos filmes se destacam nessa empreitada de fazer uma leitura acurada da realidade dos tempos atuais.

Senão, vejamos:

Foto de pessoas sentadas confortavelmente em sala de cinema, no post A leitura que o cinema faz da realidade, no site Educar em casa.

A leitura que o filme “O mundo depois de nós” faz da realidade

As análises sobre a leitura que o filme “O Mundo Depois de Nós” faz da realidade deixaram mais questionamentos do que explicações.

A considerar o título original do filme “Leave the world behind”, uma tradução mais fiel poderia ser “deixe o mundo para trás”. Isso é importante para entender a mensagem do filme.

O filme retrata a distopia dos tempos hodiernos, em que as pessoas não conseguem mais ler a própria realidade.

A mesma incapacidade se reflete nas análises rasas feitas sobre o filme, por não perceber a linguagem subliminar empregada no desenrolar da trama.

O mundo depois de nós retratou questões críticas da atualidade acerca de racismo, empoderamento, ameaças da tecnologia, vícios, imigração e segurança pública.

Abordou essas questões em uma trama psicológica que também reflete temas atuais, como teorias da conspiração, fim dos tempos, apocalipse, esgotamento e depressão.

O cenário distópico de “O mundo depois de nós”

O cenário distópico principal empregado na trama de o Mundo Depois de Nós, incompreendido pela crítica, foi o universo dos sonhos.

Assim, tudo o que a crítica chamou de esquisitice refletiu apenas sua própria incompreensão da linguagem subliminar empregada. Os sonhos foram utilizados como metalinguagem da própria abordagem proposta.

Dessa feita, temos diversas cenas que nada mais são do que imagens de sonhos entremeadas à realidade:

  • A aproximação quase que estática do enorme petroleiro desgovernado em uma praia, cujos banhistas não percebem;
  • A perseguição a pé de uma imigrante a um nativo motorizado, que após se livrar dela é atacado por balões que caem do céu;
  • Duas cenas de desastres aéreos em que o mesmo personagem se encontra em terra e sai ileso em ambas;
  • Os cercos que os cervos selvagens, inertes e ameaçadores, fazem às duas mulheres na cabana no meio da mata;
  • E o clássico sonho tão bem decifrado por Freud, em que um homem sonha que perdeu os dentes!

Ora, pois, se não são apenas sonhos! Quem nunca sonhou com desastres, ou com perseguição e situação que envolve ameaça?

O personagem adolescente, que se sentiu motivado sexualmente com a presença da jovem em trajes mínimos na piscina, sonhou que perdera os dentes. Um clássico sonho freudiano: trata-se do medo masculino de perder a virilidade.

Foto ilustrativa de cenário de sonho, com uma pessoa caminhando em direção a uma montanha iluminada, no post A leitura que o cinema faz da realidade, no site Educar em Casa.

Os supostos clichês em “O mundo depois de nós”

A crítica comentou bastante sobre o empoderamento feminino, refletido na personagem da Julia Roberts, Amanda, pelo fato dela tomar as decisões e agir prontamente. Em contraponto, o marido dela recebeu duras críticas pela ausência de atitude.

Os analistas também comentaram enfaticamente o fato da Amanda declarar sua animosidade para com as pessoas em geral.

Pois bem; ainda que tais eventos tenham, de fato, ocorrido na trama, outros acontecimentos não sustentam tal julgamento. Vejamos:

  • A Amanda lutou contra sua atitude hostil e se esforçou para criar laços de amizade com os proprietários da casa em que se hospedara;
  • Ela cuidou e salvou a filha do seu anfitrião do ataque dos cervos na mata, o que demonstra sua preocupação genuína com o próximo;
  • O marido da Amanda tomou uma atitude extremamente corajosa ao enfrentar um lunático com arma em punho, para convencê-lo a fornecer o antibiótico que o filho precisava.

Entretanto, a obsessão da filha da Amanda com o antigo seriado Friends, cujo desfecho marcou o fim do filme, é o retrato fiel da atualidade.

Dessa forma, a satisfação imediata do prazer e o avanço incontrolável da tecnologia, amparados pelo fenômeno da corrupção da linguagem, ofuscaram e adoeceram a mente das pessoas.

De forma tal, que as guerras são travadas de forma híbrida, tornando difícil sua percepção muito em função da linguagem corrompida empregada para dissimulá-la.   

Foto de um soldado com uniforme camuflado em frente a um computador, para significar guerra híbrida, no post A leitura que o cinema faz da realidade, no site Educar em Casa.

A leitura que fazemos da realidade em “O mundo depois de nós”

Interpretar os sonhos, atualmente, é tão complexo quanto ler a realidade. Em vista disso, o fio condutor da trama ronda a realidade pela teia indecifrável dos sonhos.

Assim sendo, tanto os sonhos quanto a realidade já não dispõem mais de qualidade substancial, dada a incapacidade humana de fazer a distinção entre ambos.

O título mais próximo do original de “Deixar o mundo para trás” nos faz questionar qual mundo abandonar? Certamente, o mundo das ilusões e dos sonhos impossíveis.

Em suma, tudo o que podemos fazer para superar a incapacidade atual de ler e interpretar a vida que nos cerca é educar a mente para a realidade.

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